Não é comum eu colocar textos de outras pessoas aqui no blog, mas quando li esse texto, pensei, tenho que compartilhar com minhas leitoras. Espero que gostem.
Bjos.
“O que é isso?” “É uma estriazinha, nada de mais.” Nada de mais. Só a terrível, a abominável, a mais que temida estria
Por Denise Fraga - Fonte revista Crescer
Estava
deitada de chamego com o pequeno Pedro. “Mamãe, por que o seu umbigo não
é fundo?” “O meu umbigo não é fundo, Pedro, porque eu já tive dois
menininhos crescendo dentro da minha barriga, que acabaram empurrando
ele pra fora.” Pedro é o Rei da Compaixão e, passado um tempinho, veio
com a pergunta-pérola. “Bebê sente pena?” Enchi meu príncipe de beijos.
“Não, Pedrucho, nem precisa. Bebê precisa se concentrar em crescer,
simplesmente.” É muito pequenininho pra se preocupar com o umbigo da mãe
ou outro estrago que possa fazer na criatura, mesmo porque, diante da
carinha linda dele, ela nem se lembrará de uma eventual estria ou peito
caído.
E é
verdade, eu nem me lembro mais. Meu peito voltou pro lugar e quando olho
minha barriga no espelho, não fosse pelo umbigo raso, mal poderia
acreditar que já foi daquele tamanhão. Tudo bem que ando me esforçando
em caminhadas, yoga e Pilates, mas todo aquele desespero de ver meu
corpo se transformando tão rapidamente até que deixou poucas sequelas.
Tenho uma única estriazinha reminiscente que me apareceu bem no final da
segunda gravidez. Tive vergonha de perguntar pro médico se aquilo era
mesmo o que eu estava pensando, mas, no fim da consulta, com uma voz
fininha, como quem não quer nada, arrisquei: “O que é isso?” “É uma
estriazinha, nada de mais.” Nada de mais. Só a terrível, a abominável, a
mais que temida estria. Só. Tive um pouco de vontade de chorar, mas
fiquei com vergonha de tal futilidade diante do milagre que era o meu
barrigão. Fiquei regulando os milímetros da pequena estria durante todo o
último mês e por muito tempo ainda olhei pra ela ressabiada. Mas agora
está esquecida. Pelo tempo e pela ordem de importância das coisas.
Quando
você recebe a notícia de que está grávida, é tomada por um estado
especial, mesmo que, fisicamente, não sinta diferença alguma. Não está
exatamente morrendo de sono, mas já se dá o direito de dar umas
cochiladinhas no carro. Está grávida. Pode. Qualquer sensação de
indigestão já é o tal do enjoo. No meu caso, não tinha mesmo outro nome,
pois logo tive enjoos fortes e poderosos, que duraram até o quarto mês.
Ouvia: “Gravidez não é doença”, mas eu me sentia doente. Feliz e
doente. Adoro comer, e era só colocar a primeira colherada na boca pro
estômago começar a centrifugar. Segurava o que podia e lá ia eu conhecer
o banheiro mais próximo.
Na
verdade, acho que envolvemos nossa gravidez de romantismo e, quando
vamos relatá-la a alguém, valorizamos sempre o lado espiritual, o
milagre que realmente é carregar um serzinho crescente, a sensação de
estar acima de todas as coisas, porque você agora é fêmea parideira,
progenitora, provedora, criadora de gente, deusa que faz caminhar a
humanidade e aí, realmente, sendo tudo isso, não vai ficar falando de
vômitos, estrias, espinhas, manchas no rosto, peito caído, falta de
libido, queda de cabelo, dores no ciático ou hemorroidas. Ih, falei! Mas
não se assustem, queridas leitoras de barrigas crescentes, tudo isso
passa e seu corpo volta ao normal numa velocidade impressionante,
banhado de novos hormônios, cheio de sabedoria e com o brinde da maior
de todas as felicidades – seus pequenos.
Denise Fraga é atriz, apresenta quadros no Fantástico, casada com o diretor Luiz Villaça e mãe de Nino, 11 anos, e Pedro, 9
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